outubro 18, 2016

(e agora que acabaram os aniversários, o regresso à vida real)

Apesar dos meus últimos posts terem sido extremamente positivos, devo-o apenas às pessoas que os inspiraram: o meu filho, o meu marido, a minha irmã. As palavras que lhes dediquei são o resultado do afecto que sinto por eles mas não do meu estado de alma actual.

Ando zangada, não posso resumir melhor o que têm sido estes últimos dias. Eu bem tento enganar-me a mim própria mas não consigo. Grito muito porque me salta a tampa mais facilmente, tenho tolerância zero por birras infundadas (ora, não são todas?...), ando irritadiça, mais cansada de pessoas do que nunca, desejando que chegue a licença de maternidade para deixar de me preocupar (mesmo sabendo que será quase impossível desligar).

O que é estúpido é que (em parte) eu sei porque me sinto assim e não consigo simplesmente ignorar estas razões, passar por cima delas, chutá-las para canto. E, apesar de admitir que talvez haja algo mais fundo a causar-me este desconforto, sei que as razões visíveis ou evidentes são coisas sem importância, que deviam ser deixadas no seu sítio em vez de andarem (quase literalmente) nas minhas costas. Tenho projectado tanto a minha raiva nos outros (infelizmente, mais em casa, nos que me estão mais perto) que já cheguei a ponderar se não valeria a pena consultar um profissional de saúde. Só para aprender a sublimar estes sentimentos da maneira mais inócua, sem magoar ninguém à minha volta e sem perder o sono. Não sei como é que se faz isto sem ajuda mas a verdade é que gostava de lançar menos da minha amargura sobre os outros, separar o trigo do joio, concentrar-me naquilo que são as minhas responsabilidades e deveres e ignorar as coisas que simplesmente não consigo controlar.

Os acessos de fúria às vezes são tão agudos que, por instantes, consigo ver-me de fora e perceber o disparate que se está a passar sem que, ao mesmo tempo, consiga controlar-me e voltar a ser razoável. Acabo os meus dias bastante frustrada, especialmente por estar a descarregar os meus problemas (nada vitais, nada urgentes) em quem não merece. E o facto de reconhecer esta minha fraqueza torna tudo isto em algo verdadeiramente ridículo. Em algum ponto, comecei a falhar nessa tarefa básica que é arrumar cada chatice, cada contrariedade na sua própria caixa e esta falta de arrumação tem levado a melhor de mim. 

A internet diz-me que o que tenho feito é simplesmente displaced aggression e dá-me a fórmula secreta para acabar com isto em quatro ou seis simples passos, entre os quais admitir ou verbalizar o que nos atormenta, que é, seguramente, o passo mais decisivo. Pedir desculpa também não é mal pensado, dizem vários sites que consultei, utilizando o humilhante critério de pesquisa "how to stop projecting your frustration into others". Como em quase tudo, creio que o primeiro passo (admitir que se tem um problema) é essencial e esse, como se lê aqui, já dei. Agora é tempo de passar do auto-diagnóstico à acção propriamente dita e expressar-me tão claramente quanto possível. Depois, hei-de trabalhar na arrumação dos problemas mas para já é hora de dizer o problema não és tu, sou eu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Espero que tudo melhore rapidamente! Força!