abril 17, 2015

A vida lá fora


O céu hoje acordou cinzento pela primeira vez em bastantes dias. É apenas um intervalo, segundo a meteorologia, que prevê o regresso do Sol para amanhã. Mas nem o cinzento consegue ofuscar o branco puro da árvore que está quase totalmente florida e a qual ainda nos falta identificar - somos novatos nestas coisas de quintais.

No chão, restam ainda as folhas que caíram no Outono passado, à espera que saibamos o que fazer com elas. Tenho visto alguns vizinhos a cuidar dos seus quintais e estou a tentar aprender pela observação antes de recorrer aos tutoriais que devem estar espalhados por aí. À esquerda, fica o quintal cuidado do nosso vizinho que partilha o apelido com a nossa rua e que gosta muito de cumprimentar o Vicente pela manhã. À direita, o estendal onde a nossa vizinha congolesa estende a roupa dos seus três filhos. No outro dia, apanhou-me a estender a roupa com os miúdos e desceu para se vir apresentar e conhecer-nos. Sou muito má com nomes mas sei que tem três filhos (rapaz de 25 anos e gémeos rapariga-rapaz de 15). Falou-me da viagem que fez no ano passado a Lisboa e de como comeu bem por lá. Concordámos as duas que é fácil fazer boa vida em Portugal quando se vive por estas bandas. A nossa vizinha de baixo juntou-se à conversa e percebi que fazem as duas exercício juntas quando começaram a brincar aos agachamentos. A senhora congolesa faz limpezas em lares de idosos e diz que já viu de tudo mas que teve uma surpresa (desagradável) na semana passada. A minha vizinha de baixo trabalhava numa pastelaria até ter um acidente de trabalho que a tem de baixa há vários meses. O que meia dúzia de minutos nos pode dizer sobre as pessoas...

À nossa frente, duas personagens: a velhinha que de vez em quando espreita à janela e usa a marquise apenas para passar a roupa a ferro e deixa-la bem estendida, pendurada em cruzetas; do seu lado esquerdo, o senhor que podemos ver a vestir-se todas as manhãs, pouco depois das sete, e que nunca abre ou fecha as persianas de casa. Há pássaros a pousarem na nossa varanda e a picarem um ou outro quintal, há esquilos de vez em quando a saltar de árvore em árvore à procura de qualquer coisa para comer. Estamos mais longe do percurso que os aviões fazem pouco antes de aterrar no Findel mas ainda os conseguimos ouvir a chegar. Aposto que mais umas semanas e vai começar a cheirar a sardinhas ou entremeada grelhada quando chegarem as sete da tarde. Nós havemos de procurar um grelhador maneirinho, uma mesinha para a varanda, umas cadeiras para o quintal e uma manta para deitar os miúdos. Nunca pude viver as traseiras de uma casa e ainda me estou a habituar a ter um espaço assim. Falta-nos um estendal e o tempo para tratar do pedaço de terra onde hei-de plantar as plantas comestíveis. No fim disto tudo, só nos ficará a faltar a companhia dos nossos para fazermos um beberete nos dias quentes!

2 comentários:

Dalma disse...

Querida, pelas fotografias acho que deves viver num síto maravilhoso! Ter uma faixa de terra para ter um jardim é um privilégio e jardinar uma actividade ótima para descontrair. A tua árvore não será uma ameixeira ou macieira? Quando descobrires diz-nos. Bjis

Anónimo disse...

Que casas tão bonitas!!! E os quintais/jardins são um mimo!

FátimaVC