dezembro 30, 2012

Adeus 2012!

Uma música



Uma fotografia


Uma receita

Esta tarte.

Um momento

A manhã em que levantei voo do Porto, sem saber quando ia voltar.

Uma razão para sorrir

O meu filho a dizer Bacalhaaaaau!

Uma viagem

Berna

Melhor compra

A melhor gadget de sempre

Um livro

Algumas horas a desejar ter escrito assim.

Um vício

Quase sempre colada à cadeira.

Uma descoberta

(a minha cozinha)

Um desejo para 2013

(Na verdade, gostava de concretizar vários mas mesmo assim...) Aumentar a família


dezembro 22, 2012

Do It Yourself


Sempre que fico com caixas vazias em casa, fico com a sensação que as podia aproveitar para coisas realmente espectaculares ou para criar alguma coisa de útil lá para casa. Desta vez, e como já tínhamos um imponente monte de cartão a acumular e à espera da sua vez na reciclagem, não levei muito tempo a decidir que tínhamos que fazer alguma coisa.

Ora, sabíamos à partida que ia ser uma obra para o gaiato. A ideia foi fácil de conseguir e também de concretizar: foi só pensar nas brincadeiras mais recorrentes dele e de como poderíamos usar o material para isso. Vai daí, saiu-nos um fogão (de placa, pois claro) e um forno microondas. É difícil explicar o nosso nível de excitação enquanto púnhamos mãos à obra. Parecíamos dois miúdos mas desta vez a criarmos um brinquedo novo. Aproveitámos uma sesta do miúdo e tratámos de tudo. Ficou muito giro, pareceu-nos a nós.

É claro que fui inocente quando pensei que isto fosse durar algum tempo nas mãos dele. Nós cheios de boa vontade a recriar até o vidro do forno e puf, foi a primeira coisa a ir. Botões do fogão? Não descansou enquanto não os começou a descascar. Mas juro que valeu pela cara dele a ver a obra pela primeira vez e a ir correr ao quarto buscar os tachos para se entreter na sua cozinha. E é muito bom poder dar-lhe presentes sem exagero mas também é importante que ele perceba que há muitas maneiras de brincar e que esta, a do faz de conta com aquilo que temos mais à mão, lhe promete horas de satisfação sem precisarmos de muita massa.

dezembro 13, 2012

In our society, "you must learn to detach", Suad Joseph told me. "You must learn to let go in order to create a viable life."


 Muitas vezes penso se este ensinamento não será radical demais. Podemos aplicá-lo aos nossos filhos mas também a toda a gente que temos à nossa volta. Mas para quem, como nós, escolheu partir, é mais uma questão de sobrevivência.

Eu, culpada, me assumo: é mais fácil desinvestir do que regar muito as amizades. Não é que nos esqueçamos uns dos outros mas entre a nossa vida ocupada, a vida ocupada dos outros, a distância geográfica, as vidas que vão mudando, algumas coisas têm que ficar para trás. Não no sentido de nos desligarmos permanentemente das pessoas mas sim no sentido de não sofrermos horrores com a sua ausência. É um favor que fazemos à nossa sanidade mensal: aceitamos as consequências das nossas decisões, guardamos os amigos com força no peito, aproveitamos as oportunidades que temos de os ver e estimar e aprendemos a bastar-nos a nós próprios. Para muitas pessoas, estar assim não funciona e precisam de gente à volta para conseguir funcionar; para nós, esta foi uma decisão que nem sequer tivemos de tomar - ela impôs-se no dia em que decidimos sair.

Se eu sofresse com os amigos que não telefonam, com os que se esquecem dos aniversários, com os que mudam de vida e de cidade e de amor sem darmos por isso, se eu sofresse com tanta ausência, estava condenada a uma vida de angústia. Já com os filhos, enfim, é coisa para durar mais um tempinho a aceitar. Uns bons anos, creio eu. Vá, mais de uma década, de certeza.

dezembro 12, 2012

Fui ver: era a neve e consequentemente malta a dar ao dente


Entretanto tentamos habituar-nos a tanto frio e a alguma neve. É difícil para quem vem do Sul da Europa e adora Sol viver neste frio. Pensei que seria mais difícil de suportar mas a verdade é que ainda não tivemos os -10º que já se apregoaram por aqui, por isso continuo à espera de tanta rijeza, como se diz na nossa terra.

Eu estou exactamente como a Andorinha: há uma diferença gigante entre neve em países distantes, férias em destinos com neve e viver realmente com ela - não lhe podemos escapar. Não estamos num sítio a pensar Ah neve, que bom saber que daqui a quatro dias volto a casa. Não é que aqui se tenham muitas opções, claro está. Todos os dias de manhã fico eu gelada a tentar tirar o gelo dos vidros do carro. Ainda hoje estavam sete graus negativos (mas um céu limpo que quase comovia) e aqui a moça estava prestes a congelar a raspar tudo à mão para conseguir chegar ao trabalho. Este tempo implica toda uma nova logística: é preciso acordar mais cedo para chegar ao carro sem trambolhar no gelo e conseguir raspá-lo todo em tempo recorde. Não gosto nada disto, está bem de ver.

É claro que penso muitas vezes que a nossa vida, tal como a das outras pessoas que nunca conheceram outra meteorologia, deve continuar e não devemos abdicar das nossas actividades. Só que ainda me falta perceber como é que esta malta consegue andar o dia inteirinho na rua, com um vento a cortar todas as partes do corpo que apanha a jeito, com as mãos impedidas de fazer qualquer movimento, com a respiração que até se torna difícil num tempo assim. Saímos para passear no fim de semana passado e tivemos que alternar as caminhadas pela cidade com dois ou três cafés para nos conseguirmos recompor da invernia.

E não bastava já ser noite cerrada quando o despertador toca, agora ainda lhe acrescentamos os graus negativos àquela hora da manhã. É que, por muito optimista que uma pessoa seja, sair debaixo dos cobertores para isto é um obstáculo gigante a começar o dia com vigor e um sorriso. Não dá, simplesmente, só me consigo encolher e maldizer a minha vida. Mas não é bonito, perguntam vocês? Até é mas só enquanto os carros não começam a espalhar tudo por todo o lado, enquanto a neve não derrete e se transforma em lama, enquanto pé humano não pisa num imaculado manto branco. E isso, está claro também, só se vê no campo e em sítios onde pé humano não pisa tão cedo. Portanto o conceito em si é muito lindo, a prática é uma porcaria pegada. Mas tenho que admitir que há alguma beleza escondida nos flocos que caem em silêncio, que cobrem vales e montanhas, que trazem consigo uma espécie de sossego. Como outras coisas na vida, se calhar é preciso aprender a gostar da neve, ano após ano e este é o ano zero da nossa relação.

dezembro 02, 2012


Na última consulta do Vicente recebemos este livro que foi um êxito instantâneo cá em casa. Não tem palavras, apenas ilustrações que devem servir de mote para a histórias que inventamos a três. O médico falou-nos da importância de ler nesta altura da vida dos bebés: disse ele que está provado que as crianças que entram na escola sabendo falar com desenvoltura terão mais facilidades na aprendizagem.

O ministério da Educação disponibiliza estes livros para as consultas de pediatria. A ideia é chamar a atenção dos pais para os hábitos de leitura, ganhando simultaneamente a atenção dos filhos que se distraem durante o resto da consulta. O médico deixou claro também que não interessa a língua em que falamos com os filhos mas o importante, isso sim, é falarmos, lermos e estimularmos a sua imaginação. Aqui em casa já nos vimos obrigados a desligar a televisão durante uns bons bocados. Sempre achámos que o Vicente não ligava nenhuma à televisão até agora, em que falamos com ele e ele parece em transe, vidrado no que quer que esteja a dar no momento. Trocámos esses momentos por pistas de comboios, tractores e livros repetidos até à exaustão mas pelo menos o gaiato não nos fica pendurado na programação.

E agora os brinquedos já estão a ficar datados e desadequados ao estado de desenvolvimento do Vicente. Aos poucos, temos começado com mais livros e, acima de tudo, com material para estimular o faz de conta, ao mesmo tempo vamos percebendo do que é que ele gosta mais. Agora o que tem sido mais difícil é incutir-lhe um sentido de responsabilidade e de arrumação: queremos criar um rapazinho que trate das suas coisas em casa e não dependa da sua mãe, assim à semelhança do seu paizinho. Mas o gaiato é duro de ouvido e às vezes está mesmo a fingir que não ouve nada. Nós rimo-nos mas insistimos - ter um filho é um constante acto de amor sem direito a intervalos. E isto dá muito trabalho mas depois sentamo-nos no sofá, ele vem a correr com um livro que escolheu no quarto e contamos a mesma história pela centésima vez mas ele ri-se como se fosse a primeira e pronto - inventamos tudo de novo.

dezembro 01, 2012

O Natal é a nossa casa!


Esta semana fizemos a nossa primeira árvore de Natal!

A nossa ligação com o Natal não é propriamente a da religião mas antes a da família. Há tantos anos que vivo fora de casa que voltar a casa nesta altura do ano é sempre especial para mim. Os últimos Natais têm sido progressivamente mais tristes, sem os meus avôs à mesa, com toda a gente mais velha mas com o bebé Vicente a ajudar a animar a malta.

A noite de Natal é nossa casa é uma mistura de algazarra com os obituários de quem já não está à mesa, com as histórias antigas que nunca vão perder a graça (a da nota de quinhentos que foi para o lixo é um autêntico clássico), com as saudades dos tempos em que éramos quase vinte à mesa, com as prendas que já nunca chegam à meia noite, com o chocolate quente que acompanhamos com o tronco de Natal, com a impressão constante que recebemos mais meias do que precisamos. Há dois anos que os Natais são repartidos por uma casa mais cheia de primos e tias e uma casa onde só já vão sobrando duas avós. Sentimo-nos bem em qualquer uma delas e, melhor que isso, o Vicente adora brincar com toda a gente e em todo o lado.

Mas este ano é especial: fizemos a nossa árvore de Natal. Nunca a tínhamos feito antes porque a casa era pequenina e o bebé também era pequenino e não poderia ainda compreender. Mas este ano ele já pode perceber um pouco da magia que há em estarmos e fazermos tudo juntos, em sermos uma família nos bons e maus momentos. E este ano, em vez de chorarmos a distância ou a cambalhota que fomos obrigados a dar, podemos agradecer a oportunidade tão avassaladora de mudarmos de vida, de termos conseguido uma casa também aqui. E eu acho que, à falta de Thanksgiving, é para isto que serve o Natal: não para chorar ou lamentar as desgraças, mas sim abraçarmo-nos todos e agradecer as mudanças, os amigos, a família que nunca desiste de nós e os bebés que já não são bebés mas que nunca deixarão de o ser. E é claro que a nossa vida não é perfeita, tão longe está disso, mas o que temos foi conquistado por nós e esse presente de Natal não se pode comprar.