setembro 10, 2012

Não há mal que sempre dure...

Eis pois que me encontro sem computador e sem carro. Como eu acredito piamente nos provérbios portugueses, uma desgraça nunca vem só. Sem o computador tenho vivido razoavelmente bem, embora necessite dele por razões profissionais, mas sem carro a coisa torna-se muito difícil. O sistema de transportes do Luxemburgo (ou da cidade do Luxemburgo, para ser mais precisa) funciona bastante bem mas torna-se mais complicado quando incluímos no nosso trajecto dois ou mais meios de transporte. Ideal era ter um autocarro que nos levasse de A a B mas aqui em casa já não temos essa sorte, o que torna o nosso quotidiano bastante mais complicado. Agora vivemos como na era pré-carro (para mim é estranho, já não sei o que isso é há doze anos), só que desta vez há um filho à mistura e dá sempre jeito ter uma forma de rápida de chegar a qualquer lado.

Ficámos sem a carrinha a uns vinte quilómetros de casa. Tínhamos ido levar o pai do Vicente a uma corrida (ele estava prontíssimo para os dez quilómetros!) e a carrinha decidiu ficar-se exactamente antes de a estacionarmos. O reboque, conduzido por um português (obviamente!), demorou quase uma hora, o que deixou o pai do Vicente fora da prova. Os três, além de cansados e chateados, estávamos desiludidos com a nossa sorte. A parte positiva de termos ficado a interromper o trânsito debaixo da torrina do Sol e perante a possibilidade de um arranjo caro foi o Vicente ter andado pela primeira vez de comboio, meio de transporte pelo qual ele tem uma verdadeira fixação. Achamos que ele gostou, embora ainda não perceba que está efectivamente dentro de um comboio. 

Entretanto já penso no que poderá ainda correr mal porque, lá diz o povo, não há duas sem três. Hoje andei a confirmar os nossos voos para Portugal, com medo que alguma coisa tivesse sido cancelada e nos tivesse dado cabo dos planos. Está tudo na mesma, respirei de alívio. É especialmente importante que tudo se mantenha assim, agora que até tenho uma lista (grande) de coisas que quero fazer em Portugal. É engraçado que, além das coisas óbvias (abraçar família e amigos), grande parte da lista envolve coisas de comer. Não é que aqui não consiga comprar um alheira ou umas postas de bacalhau para demolhar, mas algumas coisas só fazem sentido nas circunstâncias muito específicas. Parece-me é que se calhar me pode faltar tempo para tanta coisa e que as coisas podem não correr como eu idealizei. Resisti à tentação de imprimir um calendário para riscar os dias que faltam mas faço essa contagem várias vezes por dia na minha cabeça.

1 comentário:

Dalma disse...

Marisa, porquê resistir a imprimir um calendário? Sabe tão bem todos os dias riscar mais um dia! Fala a experiência, acredita!
até breve, espero.
a tua professora

p.s. M. aqueles hieroglificos têm mesmo que ser? às vezes tenho que tentar 2 ou 3 vezes!