dezembro 08, 2011

Bicho do mato



Eu nunca escondi de ninguém que não sou uma people's person, ou seja, não gosto muito de pessoas, aborreço-me muitas vezes com certos comportamentos. Exactamente por isso não faço amigos com grande facilidade, demoro demasiado tempo a confiar nas pessoas, o que acaba por afastar algumas. Não admira então que sempre tenha pensado que criar amizades baseadas apenas no facto de termos um filho nunca me pareceu normal: uma pessoa olha à volta e as pessoas começam a ser amigas nas creches, nos parques, nas lojas de criança só porque é bom ter alguém com quem falar dos cocós. Eu nunca senti grande empatia por outros pais só porque sim, só porque, como eu, têm noites mal dormidas, casas desarrumadas e cozinhas cheias de sopa por todo o lado. É verdade que nem toda a malta sem filhos tem paciência para nos ouvir mas eu também tento sempre não chatear as pessoas.

Isto tudo é muito bonito mas entretanto chegou o Natal. E teve que ser: os pais foram chamados à creche para preparar as festividades para a criançada. Eu, bicho do mato que chateia, quero à força envolver-me nas actividades do meu filho, para aprender como posso estimulá-lo, para melhor acompanhá-lo e saber como está ele a ser acompanhado. Isto implica envolver-me com outros pais que, como eu, querem estar presentes e trabalhar em grupo. Isto tudo para dizer que não fiz amigos, tal como esperava, mas senti-me integrada numa espécie de comunidade. Estou em pulgas para ver a cara da miudagem quando vir a surpresa que preparámos. E entretanto continuo a não gostar de pessoas mas aprendo, todos os dias, a fazer um esforço. É difícil que se farta.

3 comentários:

Helena Barreta disse...

Pelo bem-estar dos filhos fazemos sacrifícios e coisas que não apreciamos, mas no final o nosso sentimento é de dever cumprido.

Bom fim de semana

gnoveva disse...

curioso!

Dalma disse...

Marisa,os teus post são para mim, que já sou avó e que como mãe passei por muitas das situações com que te confrontas,sempre interessantes pelas realidades que contas. Além disso mostras sempre a capacidade, que há muitos anos te conheci, de escreveres muito bem.
Provavelmente virás a P. no Natal, mas dificilmente nos encontraremos
pois o que é bom é mesmo estar ao
quentinho com os nossos. Assim sendo um Feliz Natal.
A tua professora