maio 19, 2010

Hoje é o primeiro dia... blá blá blá

Bem, hoje é realmente o primeiro dia não do resto da minha vida, mas do meu percurso profissional nesta empresa. Ontem foi a comunicação oficial da data do fim e também o dia em que fiquei familiarizada com a figura jurídica do despedimento colectivo. O acontecimento foi essencialmente pacífico porque já era conhecido de todos, se bem que a data ainda estava no segredo dos deuses. E desde então me sinto dividida entre dois sentimentos radicalmente opostos: por um lado, uma incrível sensação de alívio por não ter que demorar muito mais tempo aqui, a ideia de dois meses de Verão plenos para disfrutar o meu filho às voltas na minha barriga, as primeiras férias a três antes de o ter cá fora; por outro lado, a incerteza gigante de não saber o que me espera, o facto de estar prestes a tornar-me mãe e desempregada ao mesmo tempo, o afastamento involuntário do mundo do trabalho.

Para mim, é evidente que não quero reter um posto de trabalho apenas por estar grávida: gostava de ser apreciada pelo meu esforço, por tudo o que aprendi nestes quatro anos, pela diplomacia e força de vontade, pela entrega mesmo quando me apetecia desistir. Não é exactamente a ideia de uma indemnização (que será mínima) que me está a seduzir nem também a ideia de castigar a empresa por uma alteração de mercado e negócio impossível de controlar. É que acho que, no meio disto tudo, há aqui uma grande falta de gratidão e de reconhecimento que eu pensava que merecia. Só que o mundo é mesmo assim e agora já não pessoas insubstituíveis: há apenas pessoas mais baratas e mais maleáveis, capazes de acrobacias incríveis para manter um posto de trabalho mal pago. Compreendem se disser que não tenho podido aguentar o noticiário nos últimos dias: a crise e o desemprego e a gritante e crescente falta de oportunidades, um mercado de trabalho em permanente sufoco não me fariam levantar da cama. Para isso, olho literalmente para o umbigo e penso neste Vicente sempre a crescer - havemos de ser os três muito felizes, no resto da nossa vida.

5 comentários:

Helena Barreta disse...

Vão ser felizes sim senhora.

Sabe, não há nada melhor do que uma pausa no ser trabalhadora, para ser mãe a tempo inteiro. É gratificante e muito saudável tanto para a mãe como para o bebé, aproveite.

Quando o meu filho nasceu, tive o privilégio de ficar em casa e me dedicar a ele durante 3 anos e foi absolutamente maravilhoso.

Um beijinho

Unknown disse...

Que tudo corra pelo melhor e aproveita o que pode ter de bom. Boa sorte!

Grasi disse...

Curte tudo...
Tudo está acontecendopor uma boa causa... uma ótima causa!
Curte muito o filhote :)
Bjão e uma quarta super iluminada :)

Eurico Ricardo disse...

Well,
pelo menos terás a tua indemnização, mesmo sendo a mínima (atenção que há empresas no Portugal socialista que fazem os empregados assinar um simples "papel" e quando eles acordam para a vida descobrem que assinaram o seu próprio despedimento) e provavelmente terás todo o apoio a nível da Segurança Social a que tens direito, e no Portugal Socialista isso já é uma grande conquista.

Quanto a todas as sensações e tensões inerentes a um despedimento, felizmente (porque fui sempre eu que me despedi, lol) nunca passei por tal e por isso não me sinto capacitado para te dirigir as melhores palavras :\

Mas uma coisa já tu sabes:
Vai acabar tudo bem.

Unknown disse...

Pois...mas ha males que vêm por bem. *