março 31, 2010

U-a-u!

Uma das coisas mais engraçadas da gravidez é a maneira como o simples facto de estar grávida emociona e entusiasma as outras pessoas. Ainda ontem estava prestes a cortar o cabelo e tratar das minhas unhas quando, questionada sobre coloração de cabelo, mencionei que não seria muito seguro porque estou grávida. Nem imaginam os gritinhos histéricos das três empregadas do salão, todas elas mães e todas elas felizes por verem mais uma a juntar-se às suas fileiras. Um delas, brasileira com tudo no sítio, deu-me o segredo da gravidez e da dilatação perfeitas (!): dormir bem, comer de três em três horas, beber muita água e andar uns dois quilómetros por dia. Confesso que, inicialmente, isto me pareceu mais uma receita de dieta do que propriamente conselhos para uma gravidez saudável. Mas, pensando bem, faz muito sentido e vai especialmente de encontro a esta ideia de tranquilidade como que (ainda) espero viver este estado.

Depois, e já mais no campo da palhaçada, temos o dia-a-dia no escritório. Não há uma jornada que passe sem ouvir 784 sugestões de nomes para a criança, que vão surgindo conforme se vai tratando dos casos dos clientes. Gostei especialmente de Ulfo (que obviamente não deve ser permitido nos nossos registos) e de Baudolina, que por acaso consta numa das listas de nomes que já consultei. Isto anima-me os dias que, caso contrário, estariam completamente à mercê das miseráveis condições metereológicas desde Novembro. Bem isso e o facto de daqui a pouco mais de 24h estar de férias e poder, finalmente, apenas dormir e curtir a minha barriga a crescer em câmara lenta juntamente com o senhor que contribuiu para a geração desta pulguinha. Vamos passear e ele quer que o fato de banho vá na mala mas eu já lhe expliquei que o mais provável é eu não caber mais nele. E além disso, se o tempo se mantiver assim inconstante, a semana há-de ser mais chuvosa do que em Outubro. A única diferença é que desta vez seremos três a dominar a gloriosa arte de não fazer nada...

março 28, 2010

O ponto alto da minha semana

Os dias têm corrido sem darmos por isso. No trabalho, e com as coisas a aproximarem-se (demasiado) lentamente do fim, escasseiam as tarefas verdadeiramente importantes e, acima de tudo, que me garantam ainda alguma motivação. Das duas entrevistas a que fui nos últimos tempos, nem sinal. É claro que nenhuma empresa no seu perfeito juízo quer contratar uma grávida. Não consigo deixar de pensar que, apesar de ser uma discriminação filha da mãe, é a atitude mais lógica e enfim, acho que já me habituei à ideia de que, neste momento, ninguém me quer.

Mas a quem é que isto interessa quando se pode comer uma fatia deste bolo? E não interessa especialmente a ninguém quando o mesmo é acompanhado de um copo de leite gelado num final de tarde que quase soube a Primavera. Se antes já tentava viver desta maneira, agora estou ainda mais fã de apreciar as pequenas e simples coisas da vida: as calças que deixaram de me servir, a única pessoa que quero ao meu lado, o sumo de tangerina da minha mãe logo pela manhã, a maravilhosa mudança da hora, o meu diário de grávida, quatro dias de trabalho antes das férias. A minha vida agora mede-se em semanas e esta é a décima terceira do resto da minha vida.

março 23, 2010

Gravidez 101 - Habituar-me à roupa

Só foi preciso a minha madrinha aventurar-se a dar o primeiro presente (no caso, foram dois: uma mantinha para embrulhar a pulguinha e o primeiro babygrow!). Depois veio a bisavó, que deu o babygrow fofíssimo. Depois a tia presenteou a pulguinha com uns sets de babetes que vão ser (de certeza) muito úteis e outro babygrow já maior. Eu ontem encontrei este conjunto e não resisti, trouxe para casa. Agora começo a deparar-me com a natural evolução das coisas e voilá: as calças começam a deixar de me servir. Hoje já tratei de arranjar umas que possam suportar a barriga que aí vem e me deixem mais confortável. A volta na montanha russa continua...

março 22, 2010

O Nico foi à tosquia!

Digamos que o senhor que nos vendeu o Nico se esqueceu de um pormenor muito importante: Ah, pois foi... Esqueci-me de vos dizer que devem escovar-lhe o pelo umas duas vezes por semana... Que até podia ser uma coisa menor não fosse o desgraçado do coelho ter ficado com rastas e nós gigantes no pelo a acumular durante três meses. Eu nem podia olhar para ele, tal era o emaranhado de pelo cinzento que ali ia.

Mas no Sábado o Nico encontrou um veterinário que o tosquiou e deu banhinho e lhe cortou as unhas. E de repente eu tinha um coelho totalmente diferente em casa, mais limpo e cheiroso, mais parecido com um coelho. E agora eu quero uma tosquia destas com frequência, para gostar sempre mais dele!

março 17, 2010

M. e alguns medos inexplicáveis

Bem, há muitas coisas que me assustam. Não gosto de muitos cães juntos, por exemplo. Fico nervosa só de pensar que me podem ferrar os dentes numa perna e depois apanho raiva e depois sangro até morrer... Não gosto de andar de avião nem de barco: eu sei que as probabilidades de morrer num acidente de viação são infinitamente maiores mas não consigo fazer nada. Tenho sempre medo de não ser a melhor em tudo o que faço e isto, não é difícil imaginar, tem-me valido valentes desilusões nos últimos tempos. Tremo quando estou nas passadeiras das Avenidas Novas e há gente que espera pelo sinal verde com a cabeça pronta a ser levada pelo 738 ou pelo 44 (já perdi a conta às vezes que pensei que ia ficar com a cabeça de alguém nas mãos...).

 Recentemente, sofri do medo de não me vir a tornar numa mãe como sempre imaginei. A má disposição era tanta, a minha debilidade tão grande, a ausência de forças tal que imaginei que talvez pudesse sentir algum tipo de ressentimento contra a pulguinha que aí vem. Só que os dias passam e a disposição melhora a olhos vistos, que é também como cresce a minha barriga. Já me pedem para lhe tocar e, apesar de discreta, já a sinto a desenvolver-se todos os dias. Este medo, por muito inexplicável que fosse, acabou porque a cada dia que passa o amor incondicional cresce e com ele a certeza que eu serei tudo o que conseguir. Continuo a achar que ter a cabeça arrancada por um autocarro não deve ser muito bom e os meus pesadelos ainda me dão algumas dores de cabeça. Preferia não precisar de andar de avião mas pelo menos já sei que o amor, mesmo que adormecido pelos enjoos e pelas náuseas, é gigante e não pára de crescer.

março 14, 2010

M. na cozinha VI

Agora que toda a gente fala das novas cozinheiras e nas iguarias que nos andam a empatar as dietas (não a mim, que a criança quer comer tudo a que tem direito), trago aqui umas fotos do improviso do jantar de hoje. Ora portanto, temos na imagem uma bela tarte com atum, uma daquelas misturas de legumes pré-feitas, molho bechamel e ovos patrocinados pela minha avozinha. O único problema é que eu tenho um bocado a mania quando estou na cozinha e sou incapaz de seguir uma receita à letra. Não gosto de seguir as quantidades e muito menos faço questão de usar todos os ingredientes. Não me tenho saído mal, é uma verdade, mas não perdia nada em ser um pouco mais disciplinada... É ir experimentando até que me saia o €milhões e possa abrir o meu próprio espaço de refeições ligeiras. Falei e disse.

março 13, 2010

Aos Sábados ao Sol iii

Desta vez, demos um salto ao Paço d'Arcos, depois de trabalhar umas três horas de manhã, para aproveitar o quê? o terceiro dia de Sol consecutivo? Depois de uma bela açorda de marisco, fomos os cinco caminhar um pouco no novíssimo passeio marítimo quase até Oeiras, abrindo caminho entre patins em linha, bicicletas com rodinhas e carros de bebés. Havia quem já tomasse banho nas praias da linha mas eu não arriscaria tanto: o Sol soube maravilhosamente mas ainda está longe daquele calor estival.

Agora que parece que os enjoos abrandaram definitivamente, sinto-me bastante mais optimista e feliz, especialmente quando posso passar os dias livres na lagartagem. Os meus pais medem-me o estado de saúde pela minha voz ao telefone e realmente tenho andado muito bem disposta. Uma das explicações é, obviamente, a reposição dos níveis de serotonina, ainda que ainda de forma insuficiente. Outra explicação será talvez o facto de ter ouvido pela primeira vez o coração da minha borboletinha de 3cm a bater. A bater não, a cavalgar, talvez por saber que estava a ser observada. Já tenho também as suas primeiras fotografias mas não sei, parece-me que só eu sei exactamente onde está ela/e, porque as imagens são sempre demasiado abstractas. Mas primeira lágrima (de alegria) já cá canta...

março 09, 2010

As Vicentinas

Foi com prazer e muita curiosidade que fomos (em bela companhia) hoje experimentar o bolo de chocolate destas irmãs (não sei se ainda se mantém a ordem religiosa) ali mesmo na rua de São Bento. Olhando a montra, certamente não me passaria pela cabeça tratar-se de uma casa de chá, já que o que se destaca são as velharias à espera de serem recuperadas por um qualquer coleccionador. Acho que iniciámos, talvez inconscientemente, uma demanda pelo melhor bolo de chocolate lisboeta e até agora temos bons candidatos (o do Vertigo também foi digno de memória!). Venha o próximo que a criança parece estar a gostar!

março 08, 2010

M. ainda numa espécie de limbo

Não é que tenha decidido emigrar ou hibernar de vez até que as baixas pressões e os sistemas frontais nos possam dar tréguas. Não, não me enfiei debaixo de cobertores a lamentar profundamente a duração e gravidade deste Inverno, cheia de saudades dos Marços em que já podíamos usar uma t-shirt ou ir até à praia em Carcavelos.


Não tenho ligado o computador, é apenas isso. Eu, que passava dias a fio com ele ligado, ora pirateando coisas, ora estando apenas ausente, nem sequer tenho usado o botão on/off. Também nem sequer tenho saído, já que raramente ultrapasso as dez da noite ainda de olhos abertos, capaz de raciocinar ou apenas ver os Cops. Não há nada a fazer senão aceitar este descanso auto-imposto, esta moleza absolutamente incapacitante agravada pelas drogas que me impedem de vomitar. Não é animador, eu sei, mas posso jurar que hoje me aguento melhor do que há umas duas semanas atrás. As minhas actividades de lazer têm-se resumido a duas ou três páginas do livro nas salas de espera dos hospitais ou da biblioteca da faculdade que me vai obrigar ao maior esforço de que há memória, prolongando as aulas até à meia-noite.


O meu útero anda de candeias às avessas com a minha bexiga e portam-se muito mal os dois - tão mal que nem sequer me deixam dormir e há muito que já desisti de prender o edredon debaixo do colchão porque as voltas que dou na cama desfazem toda a obra de que antes me poderia orgulhar. Já não sei se estou a criar uma borboleta ou um morceguinho mas amanhã vou espreitá-lo outra vez e a verdade é esta - mal posso esperar!