outubro 29, 2008

Ficção #9

Terias o cinzeiro preso quase debaixo do teu queixo e terias um olhar pensativo, como que perguntando como é que se chega aqui. E eu estaria aflita, sem saber como prender-te naquela posição até que te cansasses, a tentar imaginar o que estarias a imaginar. E depois viria o silêncio que nos impomos após os beijos e viria o desconforto provocado pela saciedade dos corpos. Os teus olhos repousariam no tecto e os meus perder-se-iam na tua nudez, dois corpos resgatados dum naufrágio de prazer, tentando recuperar forças e fôlego e evitar a mácula que este desejo derrama (constantemente) sobre nós.



[Sei que, brevemente, toda esta poesia está condenada a morrer. Enquanto não destruímos isso também, limito-me a perder-me em fantasias contínuas e a sentir esta desconcertante revolução interior. Se o fim já tem data marcada, quero-o absoluto dentro de mim.]

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