julho 10, 2007

Blá blá blá blá blá...

Eu até fui inscrever-me na junta de freguesia da Lapa mas a proximidade das eleições impede que eu exerça o meu direito (e dever) de voto. Eu acredito na participação de cada cidadão na democracia, mesmo que muitas vezes perca a esperança que alguma coisa vá mudar. E depois de ver debates como o de ontem à noite, com os candidatos à câmara de Lisboa, a minha fé nos políticos saiu ainda mais debilitada.

Para muitas pessoas da minha idade, a idoneidade e honestidade dos políticos são características que não existem. Talvez a geração anterior à nossa tenha visto à frente do país políticos com maior carisma ou com maior coerência, com mais vontade de debater ideias em detrimento de questões menores ou sem pertinência para a nossa vida. Eu compreendo porquê e às vezes também me canso de defender a importância que cada um de nós tem na vida política. Não é que eu viva a política intensamente mas chateia-me que as pessoas cruzem os braços.

Fiquei constrangida com o que vi ontem. Os representantes dos maiores partidos resolveram perder o tempo que tinham para apresentar propostas para desviar a atenção para questões fúteis e para trocar acusações infundadas; os representantes dos partidos com menor probabilidade de chegarem ao poder foram os únicos a apresentar propostas assentes naquilo que parecia um programa coeso e bem delineado; os representantes dos partidos da minoria ou dos novos partidos não traziam nenhuma ideia para o debate, demonstrando que estavam nesta corrida por motivos alheios ao destino de Lisboa. Um dos presentes mostrou mesmo que, para além de não ter qualquer programa eleitoral, não tinha sequer uma capacidade argumentativa que lhe permitisse esconder essa deficiência. A moderadora do debate assumiu um tom agressivo e duro, em muitos momentos excessivo e roçando mesmo o desagradável.

Reconheço que as circunstâncias do debate o tornaram num acontecimento sui generis: o facto de serem eleições intercalares que resultaram de uma câmara em clara falência e a opção de incluir todos os candidatos num único debate tornaram difícil quer a moderação, quer a exposição das ideias de cada um. Mas acho que, como eu, o cidadão comum só esperava que todos tivessem um projecto e que, mais do que isso, as suas intervenções fossem inteligíveis. A reabilitação da nossa confiança nesta classe política terá ainda que esperar. Talvez regresse quando se voltar a fazer política por paixão.

(Três dias são demasiados dias sem internet - espera-se que hoje seja reposta a normalidade.)

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