janeiro 18, 2007

Popular Mechanics for Lovers

Hoje estou, como diria esse rapagão alto e espadaúdo chamado RAP, um pouco confusa. Deitei-me ontem com um pensamento na cabeça, uma coisa para durar assim umas horas valentes (não que tenha durado tanto, porque já ia com a pestana quase fechada...): não sei exactamente o que esperar num rapaz. Ou melhor, e a verdade é dura, não sei patavina sobre o que quero. Temos sempre a pretensão de não sermos pessoas complicadas, de só querermos ser feliz, blá blá blá mas no fim não há nada que se consiga aproveitar.

Gostava que o rapaz gostasse de ler mas não pode gostar muito porque correria o risco de se tornar num intelectual chato e sem graça, que já leu tudo o que há para ler e cujas conversas nos enfadam. Era bom que ele gostasse da mesma música do que eu. Mas reconheço noutros gostos musicais um sopro refrescante, ao que ainda podia juntar as discussões saudáveis e construtivas sobre gostos que nunca se deviam discutir. Gostava que ele fosse um bom garfo mas não demais: não quero correr o risco de partilhar as minhas refeições com alguém que come como se lhe tivessem dito que o mundo acabava nos próximos quinze minutos. Gostava que fosse bonito mas não demasiado. Há coisas muito mais interessantes nas imperfeições, há pormenores que se descobrem todos os dias e dos quais aprendemos a gostar. Gostava que ele fosse cavalheiro mas apenas o suficiente para me fazer sentir uma dama de vez em quando: não é bom que nos tirem sempre tudo da frente, que nos queiram sempre abrir as portas, que nos queiram sempre servir primeiro. Caramba, uma gaja gosta de ser esquecida de vez em quando! Como é óbvio, gostava que me dissesse coisas bonitas e me fizesse elogios. Mas só quanto baste, porque quando as pessoas se começam a auto-anular a coisa dá imediatamente para o torto e o interesse cai a pique. Gostava que me desse razão. Muitas vezes. Mas apenas as vezes suficientes para não achar que ele não tem mesmo opinião. E depois porque esse combate pela razão é muitas muitas vezes afrodisíaco... E gostava que pensasse em mim. Mas de tempos a tempos. Muitos tempos. Mas que de vez em quando se fizesse esquecido e me deixasse a pensar.

E sobretudo, a exigência maior e sobre a qual não estou disposta a fazer cedências, tem que ser uma pessoa que me acelere o coração duma tal maneira que eu nem sei se vou conseguir sobreviver. No outro dia, ia no autocarro e sentia-me assim, como se o coração já me tivesse chegado à garganta. E pensava que talvez não aguentasse a viagem de dez minutos até chegar ao trabalho. E depois no trabalho sentia-me a sufocar, como se estivesse sob o sol do deserto. E o raio do coração a impedir-me de falar: só me conseguia concentrar na sua batida descontrolada. Mas não, o meu coração estava só a pregar-me uma partida. O gajo às vezes é assim, brincalhão. Devia ser só para me lembrar de como é que uma pessoa se sente. Pronto, já me lembrei. Agora vê se tratas da coisa, mas a sério.

2 comentários:

Anónimo disse...

M. we've got a problem...Parece-me que andas à procura do "meu" gajo!lol
By the way, se o descobrires primeiro que eu diz-me para ir ver se há lá mais...:)

M. disse...

Ó Pilipa, eu acho que há um carradão deles aí, mesmo à espera de serem descobertos. E sim, se descobrir a nascente eu encarrego-me de espalhar a notícia ;)