julho 28, 2006

Da preguiça

Hoje subi a Fontes Pereira de Melo à pressa. Tentava andar ao ritmo da música que ia ouvindo, cruzando-me na rua com todos os yupies de fato igual, perfume igual, óculos a tapar metade da cara e cabelo a roçar as sobrancelhas. É como se estivesse fora do meu ambiente, trabalhar em plena City de Lisboa. Ele são os tipos das consultoras, os CEO (o que quer que isso queira dizer) das telecomunicações. E eu, um mero peão no tabuleiro. Mas, dizia eu, subi a Fontes Pereira de Melo e pensei na preguiça que me tem atacado nos últimos tempos. Ou do calor ou duma letargia que ainda não sei identificar. Porque ela ataca em todas as frentes, a saber:


- preguiça para acordar.
Nunca costumo ter, levanto-me assim que o despertador toca. Mas ultimamente não me consigo levantar sem primeiro hesitar, depois espernear (mentalmente) e depois, finalmente, pôr os pés de fora ainda de olhos fechados.


- preguiça para cozinhar.
Odeio mas odeio mesmo cozinhar para uma pessoa. Nunca há aquela tentação de fazer um prato bonito ou diferente. É só despachar e pronto. Umas massas, uns rissóis ou comida de plástico. Daquela que nem vai para o estômago, vai direitinha para as ancas. E depois choro e choro... OK, não choro mas devia.


- preguiça para ler.
Além do livro que tento acabar há uma eternidade (ainda que sejam 800 páginas de draculices e afins), acho que já perdi a conta aos Y que tenho atrasados. Só que não consigo deixar de comprar o jornal. Eles lá vão amontoando na mesa e eu olho para eles, a medo, e juro que amanhã começo a pôr tudo em dia.


- preguiça para ir ao cinema.
Não é bem preguiça. Ok, é preguiça mas também medo das pessoas que vão ao cinema. Umas falam o filme todo, outras não se assoam o filme todo, outras batem os pés, nervosamente, como os coelhos, outras levam sandes e divertem-se a rolar o bolo alimentar com a boquinha aberta. Eu sei que sou esquisita mas só pedia para, pelo menos uma vez, ver um filme em silêncio. Total. Absoluto.


- preguiça para viajar.
São três hora de carro e suor. São quarenta euros de gasolina. São 200 kms intermináveis e secos e cheios de atrasados mentais ao volante. São noites mal dormidas e tempo curto para tudo. Tá bem que também são amigos, família, as médi(c)as a 0,90€, as noites na torre, quando o escuro já vai alto. Mas não apetece.


E agora chega, que também já não me apetece escrever.

2 comentários:

pontofinal.parágrafo disse...

Aqui o gestor informa: CEO - Chief Executive Officer.
E mais não escrevo porque também não me apetece :P

Anónimo disse...

isso pega-se.. aaaai!