novembro 29, 2005

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Esta foto já tem os seus aninhos. Mas eu olho para eles e continuo a ver miúdos belgas, a fazerem rock, a criarem uma 'cena' belga que nunca sonhei existir. Já toquei em alguns, já falei com eles, a minha primeira e única experiência perto daquilo a que eu chamo 'estrelas rock'.

Mais do que o facto de continuarem a ser cool e a espalharem amigos por Portugal (são conhecidas as saídas pós-concertos até ao Bairro Alto), a música deles marcou-me, melhor, musicou-me uma parte muito, muito importante da vida. Ouvi-os tocar a primeira vez numa garagem, no ensaio da banda do namorado, enquanto se fazia um intervalo e se jogava ao montinho a dinheiro e a copos de qualquer-coisa-com-muito-alcool. Disseram-me qualquer coisa como 'Como é possivel que ainda nunca tenhas ouvido?', frase acompanhada de um olhar de alguém em choque. Envergonhei-me e tratei de suprir essa lacuna (se bem que nessa altura, ainda não teria coragem de usar uma expressão assim...). Comprei cds, pirateei outros e *puf*, já estava viciada.

Depois, musicaram-me pedaços da felicidade que mais tarde atirei fora mas que, ainda hoje, nunca esqueci. Um fim de tarde, antes da partida para um festival, deitados no quarto, só a meia luz. Ouvíamos a 'Roses' e aquilo tomava conta de mim e o calor também e aquelas promessas todas. Noutra vez, ele sentou-me no sofá e disse-me 'Prepara-te, esta pode ser a música de uma vida...'. Sentou-se no chão e ficou a olhar para mim, como se da minha reacção fosse nascer qualquer coisa de novo. Éramos novos e pensávamos que não existia mais nada, senão aquela casa vazia, senão aquele fim de semana sem os pais, senão aquela cama pequena demais, paredes meias com o génio dele.

E a música deles também serviu para alguém demonstrar como era doentio e indesejado e arrependido. Ainda me lembro quando estava deitada naquela tenda e recebi uma mensagem de voz no telemóvel: 'Only 'cause of love'/Love's the only thing that makes me do this' e eu tremia com medo das investidas dele e do seu desejo de recuperar um amor doentio e fatal e de ele ter usado a 'minha' música para me assustar.

Não é só música. Há mesmo pessoas lá dentro. E eu vou ver os dEUS este Domingo, sozinha, num cantinho da Aula Magna.

novembro 12, 2005

Berlim foi assim.

A melancolia do Outono

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(Am Flutgraben, ao pé da nossa casa)

O encontro com a História

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(East Side Gallery, na fronteira entre Kreuzberg e Friedrichshain)

A Fernsehturm, sempre sempre sempre

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(da Oberbaum Brücke)

O passeio frio pelas margens do Spree

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(perto do Treptower Park)

As macacadas ao Sol

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(outra vez no parque, Am Flutgraben)

O presente de aniversário do dono da Pousada

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(mini garrafas de champanhe, que tenciono conservar)

Ficar mais velha. E menos segura. E ter menos certezas.

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(perto do Spree)

Tenho tantas tantas saudades. Mas as imagens sabem dizê-lo melhor do que eu.

novembro 03, 2005

Pois... De maneiras que, amanhã por esta hora, já terei aterrado em Palma de Maiorca (estranha escala mas não tão estranha se pensarmos que os Alemães têm uma música intitulada 'Ich bin der Königs Maiorcas'...) ou pelo menos assim o espero. Depois de fazer uma escala interminável (parto perto do meio-dia e só chego a Berlim às 6 da tarde - a isto chamo testar a paciência de uma pessoa), conto chegar a uma Berlim já muito escura e fria.


No fundo, acho que não sei o que esperar. Acho que vai ser um regresso com alguma emoção, porque vou rever os sítios de que sinto tanta falta e vou poder partilhar esta sensação com uma pessoa de quem gosto. Mas, por outro lado, tenho medo de não sentir nada, de estar como que anestesiada. Se calhar estou a complicar demais um simples fim de semana prolongado. Pois, se calhar é isso.


O que interessa é que posso comer Dönner outra vez, posso sentar-me numa esplanada de Inverno em Prenzlauer Berg e beber um estiloso Latte, posso dançar ao som do colectivo indie mais cool de Berlin e posso satisfazer um desejo tabágico a uma 'piquena'. Como quando éramos pequenos, acho que não vou conseguir dormir.