abril 24, 2005

Poucas coisas há que me aborreçam mais que o meu constante esquecimento, a minha incómoda falta de memória.

(OK, é verdade. Neste momento há uma coisa que aborrece infinitas vezes mais mas acho que, para o efeito que quero, o Benfica estar a perder com o Estrela da Amadora não interessa.)

E não é exactamente o esquecimento: é o esquecimento mas aliado à falta de cuidado ou à distracção. Eu, que sempre me vi como uma pessoa relativamente cuidadosa com as minhas coisas, vi-me a braços com chatices enormes nos últimos tempos. E tudo porque, é verdade, preciso admiti-lo, sou uma grandessíssima cabeça no ar. Também tive chatices mais pequeninas (como precisar do carregador das pilhas e ele estar SEMPRE em Lisboa ou nunca telefonar à minha senhoria para falar sobre a água que pinga do esquentador) mas com essas vivo melhor.
Antes do Ano Novo, fui para Évora como o único propósito de sair à noite. Já há muito que não ia lá e não pude recusar um convite para jantar-sair-dormir-pouco-e-ala-que-se-faz-tarde. Lá fui eu. Esperava-me uma noite só de gajas, coisa a que não estou habituada mas que até correu bastante bem (se considerarmos a concentração assustadora de hormonas femininas em tão pequeno espaço físico). A meio da noite decido perder a carteira. (Bem, não decido mas o que é certo é que aconteceu.) E o que é que eu tinha lá dentro? T-U-D-O. Apenas todos os meus documentos, inclusivamente o BI e o passaporte de que eu iria precisar porque tinha voo marcado para daí a 4 dias. 4-dias-4. 4 dias em que todos os serviços públicos iriam estar fechados (era véspera de noite de Ano Novo, a que se seguia um fim de semana)... Pedir na polícia uma certidão da ocorrência revelou-se impossível (devido à falta de paciência da funcionária ou ao mero pormenor de, tendo eu perdido a carteira, não ter como pagar a dita certidão...). E pedir um novo BI na segunda feira seguinte às 8 da manhã quando se tem um voo marcado para a 1 da tarde foi um autêntico pesadelo a que vos vou poupar. Penei mas embarquei para Berlim.
Depois, há pouco tempo, foram as chaves do carro. Dei por isso relativamente tarde - teriam já passado 2 horas desde que as tinha perdido e só me restava palmilhar a rua onde possivelmente as teria perdido. De cabeça meio perdida, andei para trás e para a frente, com o Daniel a ajudar mas não me valeu de nada, Das chaves nem sinal. Depois ele lá teve a brilhante ideia da esquadra de polícia. Ansiosa, perguntei por umas chaves perdidas. E elas estavam lá à minha espera.
Já tenho um porta-chaves maior, para que possa dar sempre pela sua ausência. E já ando com menos documentos na carteira (bem, agora que penso nisso, talvez não ande...). Mas é como se só esperasse pela próxima vez, como se já estivesse derrotada à partida. Só espero evitar mais esquecimentos para não perder mais anos de vida e para tentar evitar a escalada de cabelos branco na minha cabeça.
(Correcção ao post: segundo o meu benfazejo Daniel, o jogo do Benfica era com o Estoril e não com o Estrela da Amadora... Mais uma prova da incapacidade genética das mulheres para reterem dados sobre futebol...)

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