abril 01, 2005

Esta semana fui ver

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"The life aquatic with Steve Zissou", de Wes Anderson (cujo título en português me vou abster de referir, uma vez que já muito foi dito acerca das abjectas traduções portuguesas...). Quando saí do cinema perguntei-me: como é possível tudo aquilo caber na cabeça de alguém? Mais uma vez só o realizador poderia responder.
Numa paródia ao trabalho de Jacques Cousteau, Anderson filma a última aventura de Steve Zissou, um famoso oceanógrafo que pretende descobrir o tubarão-jaguar (?) que (supostamente) terá devorado o seu melhor amigo Esteban. Para isso, Zissou (o inigualável Bill Murray, aqui num registo menos contido e menos encantador que o Bob Harris de "Lost in translation") vai reunir uma equipa, recolher patrocínios e viver aventuras inesperadas. Pelo meio, tem tempo de perder a mulher, ganhar e perder um filho e ser rejeitado por Jane (uma Cate Blanchett em estado de graça).
Anderson confirma-se como mestre na criação de ambientes improváveis mas possíveis, no acumular de pormenores e detalhes. Mas um dos momentos mais belos do filme acontece não com actores ou cenários reais, mas sim com uma animação, musicada de forma inigualável pelos Sigur Rós...
A figura do Pai é central nesta narrativa: o Pai que não o quer ser, o Pai que se procura ou o Pai espiritual que se perdeu são diferentes formas de apresentar esta figura. Mas também a Mãe (na figura da serena e cerebral Angelica Houston) se revela central no desfecho desta aventura.
Depois há aquelas aparições pontuais de Seu Jorge, o tal que canta Bowie em português. Já dizia Pessoa "Primeiro estranha-se, depois entranha-se" e é esse o caso de toda a banda sonora (que tinha ouvido ainda antes de ver o filme e sobre cuja pertinência me tinha interrogado).
Wes Anderson proporciona-nos, mais uma vez, bons momentos de cinema, em que o entretenimento nasce das situações mais inesperadas. Esperamos, daqui em diante, por mais um filme absolutamente 'sui generis'!

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