fevereiro 04, 2004

Já está. Saí de casa apenas porque o meu Benfica jogava e queria ver o jogo em ambiente adequado. O dia foi mais que extenuante, acho aliás que não encontro no meu vocabulário adjectivo que se adeque ao meu cansaço. A voz falta-me, tal foi o meu empenho contra o regime fascista (sim, o filme chama-se 'Até amanhã camaradas') e as minhas pernas pesam agora 500 kg.
O ambiente é giro mas demasiado amigável para o gosto de alguém que, como eu, gosto pouco de manifestações de entusiasmo despropositado. As pessoas aproveitam para serem engraçadas, para se fazerem notar, para pedir autógrafos a pessoas das quais nem sabem os nomes, os velhos juntam-se aos novos e tenta-se sempre meter conversa com o vizinho do lado.
É estranho como não me sinto deslumbrada pelas pessoas que fazem parte da produção. As pessoas dependem do olhar de aprovação delas para muita coisa e tentam aproximar-se para fazerem perguntas muitas vezes desnecessárias. E quando no final se diz 'Parabéns, foram todos muito bem', as pessoas acham que aquilo é um grande elogio mas no fundo apenas serve para motivar, para acalmar uma multidão exausta e faminta.
Acho que chega hoje. Olho para a cama e sinto um irresistível apelo, uma vontade incontrolável de me enrolar no edredon (edredão?). Malta da figuração, espero que estejam todos na cama. Amanhã espera-nos mais um dia de bajulação, de sacrifício (pago, é certo) e de satisfação pessoal. 'Meus senhores, voltem às posições iniciais!'

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